O envelhecimento da pele sob a ótica de Tatiana Basso Biasi
A médica dermatologista Tatiana Basso Biasi, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia, tem especializações em cosmiatria e fototerapia, que olha para a saúde da pele como um todo. Afinal, é o maior órgão do corpo.
Defensora do quiet beauty – que denomina uma postura mais natural em procedimentos dermatológicos – bem antes de o termo virar moda, ela reconhece o seu papel na construção do bem-estar da pessoa que está ali, com sua trajetória, transformações e desejos. Seu trabalho não apaga marcas, realça traços e entendendo o que faz sentido: preservar, suavizar ou modificar.
Quando o assunto é dermatologia, automaticamente se pensa em procedimentos estéticos. Qual o rumo que a especialidade está tomando?
Estamos voltando para buscas de resultados mais naturais, o que chamamos de quiet beauty, uma beleza que realça e valoriza a individualidade. Na verdade, o que eu sempre defendi, com muitos recursos pouco invasivos, equipamentos de alta tecnologia que promovam a prevenção do envelhecimento. É um contraponto à fase em que se injetou muito e os resultados foram estranhos, as pessoas ficaram padronizadas e os exageros, normalizados.
Os estudos
Estudar, para mim, sempre foi um prazer. Adoro descobrir coisas novas. Na medicina isso é uma constante, e o estudo contínuo é uma obrigação. Encaro isso com muita satisfação, pois me sinto instrumentalizada para o dia a dia. Quando se trata de saúde ou quando busco melhorar um paciente já saudável, é necessário sempre muito cuidado, estudar sempre e saber respeitar as pessoas que me procuram.
Desafios
O grande desafio acaba sendo o clichê da mulher atual: conciliar de forma equilibrada família, maternidade, lazer, atividades em casa, um tempo para si e para o convívio com os amigos, os compromissos profissionais e, principalmente, os desafios na minha profissão, que exige muito e, às vezes, pede urgência.
Família
A maternidade me transformou em uma pessoa melhor, muito mais sensível e com capacidade para entender mais as outras pessoas. Meu marido é um grande companheiro, parceiro de crenças e planos. Também tenho meus familiares todos por perto, com quem posso contar sempre e com quem tenho a oportunidade de conviver de forma bem próxima. Isso é um enorme privilégio. Família é uma instituição absolutamente especial, que nos dá alicerce e segurança.
O que mais lhe incomoda nesse caminho de padronização?
O excesso de produtos. Pessoas com o rosto muito modificado, muito cheio, o que denominamos de “pillow face”, me chamam a atenção. Quando feitos procedimentos sem bom senso, podem até envelhecer a pessoa.
Quais as grandes novidades na área de dermatologia?
As tecnologias que tratam sem desconforto e sem exigir período de recuperação. O paciente sai do consultório e pode voltar às suas atividades habituais. Essa é uma necessidade cada vez maior do paciente, que não pode ficar em casa escondido para se recuperar de um procedimento. Entre as tecnologias estão a radiofrequência monopolar e o ultrassom microfocado. A radiofrequência já tínhamos, mas foi aperfeiçoada pelos coreanos, que introduziram um sistema de resfriamento da pele com gás de criogênio. Isso permite o uso de maiores energias e, assim, a contração da pele com resultados imediatos e de longo prazo.
Por que você não usa o termo anti-idade?
A ideia de que o envelhecimento deve ser combatido não reflete a forma como enxergo a dermatologia — nem como acompanho, ao longo dos anos, a jornada de pacientes. Envelhecer faz parte da fisiologia natural e meu papel é observar esse processo com atenção, promovendo estímulos adequados, proteção constante, cuidados personalizados e o uso criterioso das tecnologias disponíveis. Contar com recursos incríveis para manter a saúde, a firmeza e o equilíbrio da pele. Mas o objetivo não é apagar o tempo, e sim valorizar cada fase da vida e tudo o que ela representa.
Como é trabalhar com pele madura?
É compreender suas transformações e atuar de forma sensível e eficaz. Cuidar da pele é, acima de tudo, cuidar da saúde, da função e da constância – princípios que valem em todas as idades. No consultório, o ponto de partida nunca é um padrão estético nem uma tendência passageira. O centro do tratamento é sempre a pessoa que está ali — com sua trajetória, suas transformações e seus desejos. Cuidar da pele não significa apagar marcas, mas entender o que faz sentido preservar, suavizar ou transformar. Um bom tratamento respeita seus traços, sua história e o seu tempo. Porque cuidar, antes de tudo, é um gesto profundo de respeito por quem você é.
Qual a recomendação de avaliação com o dermatologista?
Avaliação anual de pele, cabelo e unhas. A pele dá sinais, por isso a importância da avaliação preventiva. A saúde deve sempre ser priorizada antes da estética. Olhar o todo e identificar a necessidade é o que permite encontrar o melhor grau de benefício com menor risco e menor chance de erro. Quem se cuida cedo consegue melhores resultados com menos intervenções.
Entrevista com Tatiana Basso Biasi, Médica dermatologista, publicada no Notícias do Dia (19/07/2025).

Publicado em 19 julho de 2025