A moda é a proteção

Os dias mais quentes, anunciando o verão, faz com que a gente sinta vontade de sair de casa. Queremos caminhar, pedalar, deitar ao sol. Queremos cor: nas roupas, na maquiagem, nos acessórios e no corpo. Queremos perder o “bronzeado de escritório” a todo custo. E isto pode custar caro.

O Hora da Mulher conversou com a médica dermatologista do Cepon – e também professora de Dermatologia no curso de Medicina da UFSC – Tatiana Basso Biasi, e trouxe informações importantes sobre o sol, a pele, e os problemas que podem ocorrer se não tomarmos algumas medidas preventivas. Leia antes de “abraçar” o sol.

Segundo a médica dermatologista, o sol provoca não somente mudanças climáticas, mas também no humor das pessoas “Todas as pessoas ficam mais felizes nos dias de sol, mais animadas”, comenta. Precisamos, entretanto, entender como o sol age na estrutura física das pessoas. A luz solar pode ser separada em luz visível, raios infravermelhos, que dão a sensação de calor, e raios ultravioleta (UV). Estes são invisíveis, e são em parte filtrados pela camada de ozônio na atmosfera. No entanto, podem ser prejudiciais à nossa pele.”

Tatiana explica que existem três tipos de radiação ultravioleta (UV) contidas na luz solar: A, B ou C. Os raios que entram em contato direto com nossa pele são do tipo A e B. Os raios do tipo C ficam retidos na camada de ozônio e não chegam à superfície da Terra. Os raios do tipo UVA ocorrem durante o dia inteiro. Já os raios UVB – que causam vermelhidão – ocorrem com maior intensidade no período entre 10 e 16 horas, tendo como pico o horário das 12h.

Cuidados preventivos

Tatiana consideraria necessária uma mudança radical no comportamento dos brasileiros em relação ao sol que passa por medidas amplas de educação e fotoproteção.

A Sociedade Brasileira de Dermatologia recomenda que todas as medidas de proteção sejam adotadas na ocasião da exposição ao sol. É importante ressaltar que as barracas usadas nas praia sejam feitas de algodão ou lona, que absorvem 50% da radiação ultravioleta. As barracas de nylon formam uma barreira pouco confiável: 95% dos raios UV ultrapassam o material. Para o uso de filtros solares, é sugerida a reaplicação a cada duas horas.

Como a radiação ultravioleta está associada ao envelhecimento da pele e à ocorrência do câncer de pele, as pessoas com todos os tipos de pele devem estar atentas e se protegerem quando expostas ao sol. ‘Ninguém deveria se expor ao sol, mas se o fizerem devem evitar o horário entre 10h e 16 horas, e utilizar sempre barreiras físicas de proteção como chapéu, óculos, roupas com filtro solar e guarda-sol (quanto mais grosso o pano, melhor)’.

Caminhar do ponto de ônibus até o local de trabalho também requer que as áreas expostas estejam protegidas por filtro solar ou por tecidos. O fator de proteção mínimo a ser usado, segundo a médica, é o fator 30. ‘Nas áreas expostas durante o trajeto como rosto, costas, pernas e braços é obrigatório o uso diário’, enfatiza a dermatologista. Tatiana explica que não existe 100% de fotoproteção, por isso o correto mesmo, seria abrir mão do sol.

Você pode argumentar: mas e a vitamina D, essencial para a saúde? Ela pode ser encontrada em forma de suplemento. Os adeptos do bronzeado também não precisam se desesperar. “Existem excelentes autobronzeadores – com várias faixas de preço. Você vai aplicando um pouco por dia, até obter a cor desejada, sem correr o risco da exposição aos raios UV. A moda hoje é ficar protegida”, lembra a médica.

Crianças se expõem muito mais ao sol

A médica orienta que crianças com até seis meses de idade não devem ser levadas à praia – porque ainda não estão em idade de usar filtro solar. “Dos seis meses até os dois anos de idade os pais devem usar um filtro solar físico, que contém em sua formulação todos, ou algum destes componentes: óxido de zinco, dióxido de titânio ou óxido de ferro”.

As crianças se expõem ao sol até três vezes mais que os adultos. Por isso é recomendável para os pequenos o uso dos protetores “kids” – que contenham esses produtos em sua formulação, e que possuem a característica de serem mais pegajosos e mais resistentes à água.

“Além disso, quando utilizamos os que são coloridos nas crianças podemos ver onde aplicamos e se espalhamos corretamente o produto’, enfatiza a dermatologista do Cepon. Mas a roupa protegendo as crianças ainda é a melhor solução. ‘Eles não vão parar de brincar a cada duas horas para repor o filtro solar. Melhor não abrir mão de um boné, uma camiseta e um bom guarda-sol”, recomenda.

Epidemia de Câncer de Pele

Tatiana alerta que está ocorrendo uma epidemia de câncer de pele no Brasil devido à falta de proteção durante a exposição ao sol. “A incidência de Câncer de Pele é maior no sul do Brasil, muito possivelmente devido ao tipo de colonização nesses estados. Os grupos de maior risco são as pessoas que possuem pele clara, sardas, cabelos claros ou ruivos e olhos claros. Além destes, os que possuem antecedentes familiares com histórico da doença, queimaduras solares, incapacidade para bronzear e pintas.”

O Rio Grande do Sul está em primeiro lugar e Santa Catarina em segundo nas estimativas do INCA para 2012/2013. O Câncer de pele está na lista dos 10 mais no ranking de Florianópolis – ocupando o 7º lugar nas mulheres e 9º lugar nos homens segundo dados do Registro de Câncer de base populacional de 2008.

Estimativas do Inca apontam 6.230 novos casos entre 2012/2013. Outro fator é o aumento da expectativa de vida. As pessoas estão vivendo mais e, consequentemente, aumentando o tempo de exposição aos raios solares.

O câncer de pele mais comum é do tipo não-melanoma. De todos os tipos de câncer que existem esse é o mais comum em homens e mulheres, segundo a médica. Já o melanoma é o menos frequente, mas também é o que apresenta maior índice de mortalidade.

“As pessoas desenvolvem um conceito errado de que se “mexerem” na região onde há suspeita de câncer de pele tudo vai piorar. Se o câncer estiver localizado, a simples retirada por meio de cirurgia determina a cura. Quando descoberto e tratado precocemente, o câncer de pele tem uma taxa de sobrevida de 98%,” ressalta.

As pessoas com histórico familiar devem ficar atentas e procurar um dermatologista imediatamente se notarem nelas ou em alguém da família:

  • Feridas que não cicatrizam;
  • Sangramento no local da ferida ou sinal;
  • Lesões novas em cicatrizes de queimaduras antigas;
  • Sinais que mudam de tamanho ou de forma.

Recomenda-se uma visita anual ao dermatologista para avaliação geral da pele e prevenção do câncer de pele.

 Tatiana Basso Biasi, Médica dermatologista, publicad0 no jornal Hora da Mulher (23/07/2006).

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Publicado em 01 novembro de 2013

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Câncer de pele, Cuidados com a pele na infância, Dermatologia Clínica, Geral, Mídia